O DEMO-MALA A CAMINHO DE SER EXORCIZADO DA VIDA PÚBLICA
O erro do
senador farsante foi entender tarde demais que pertence à tribo dos
demóstenes
Com aplicação e competência, o ator Demóstenes Torres (foto)
interpretou por muitas temporadas o papel do senador que optou pela
oposição viver permanentemente em guerra contra a corrupção impune,
institucionalizada pelo governo federal. É compreensível que tantos
homens de boa fé tenham acreditado no que dizia: num país em acelerada
decomposição moral, a existência de políticos sem prontuário e sem medo
parece tornar menos aflitiva a paisagem vista por gente honesta. É
compreensível a vontade de crer que são reais.
Igualmente compreensível, a decepção causada pela aparição do verdadeiro
Demóstenes não pode estimular a ressurreição da falácia tão cara aos
criminosos: é tudo farinha do mesmo saco. Conversa fiada, devem gritar
em coro milhões de brasileiros que cumprem a lei, respeitam princípios
éticos irrevogáveis e foram traídos pelo farsante que assimilou a
metodologia dos incontáveis demóstenes que infestam o partido que virou
quadrilha e a base alugada. Esses reagiram com exemplar correção à
descoberta da fraude.
Em vez de garimpar pretextos e álibis, o país que presta enxergou apenas
ações criminosas. Em vez de recitar que ninguém é culpado até a
rejeição do último recurso, enxergou patifarias suficientes para
condenar o autor à morte política. O castigo prontamente aplicado ao
vigarista deixou claro que só tem bandido de estimação quem gosta de
bandidagem. É mais uma abjeção produzida pelo Brasil Maravilha que Lula
inventou.
A indignação dos homens honrados ampliou o abismo que os separa do
grande clube dos cafajestes. Graças à indignação dos que não se rendem,
os cúmplices profissionais afundaram no silêncio, o corporativismo
malandro saiu de férias, a direção do DEM expulsou o esquizofrênico de
araque, a Justiça redescobriu a pressa e ninguém tentou o resgate
improvável. Demóstenes Torres está só.
Está só por ter atraiçoado o Brasil que pensa, não leva em conta o
partido a que pertencem meliantes, não crê em palanqueiros populistas,
vota com independência e é inclemente com corruptos. O erro do senador
foi ter transformado em gazua um cargo que conseguiu com o apoio de
eleitores incompatíveis com pecadores. Deveria ter trocado de lado a
tempo. Se tivesse trocado o DEM pelo PMDB, como sugeriram sua mulher e
seu parceiro, Demóstenes seria acolhido calorosamente pelos coiteiros
dos bandidos que infestam a aliança governista.
Nesse mundo fora-da-lei, abundam canastrões que seguem encarnando
personagens tão verossímeis quanto o Demóstenes incorruptível, o Lula
estadista, a Dilma supergerente ou uma tempestade de neve no Piauí. Lá, o
milionário chefe da seita ainda é o imigrante nordestino que trabalha
numa metalúrgica. José Dirceu, chefe da quadrilha do mensalão e
facilitador de negócios entre capitalistas selvagens, circula com a
farda de guerrilheiro.
Incapaz de pronunciar uma frase inteligível, Dilma Rousseff faz de conta
que lê livros. Com o PAC em frangalhos, mantém a camuflagem de
supergerente incomparável. Delúbio Soares, o contador do mensalão,
voltou para o PT vestido de professor de matemática injustamente
castigado. O partido que virou quadrilha luta sem descanso para
incorporar à classe média os últimos miseráveis. Os balidos atestam que o
rebanho enxerga apenas o que os pastores desenham.
Se tivesse juntado o acervo de bandalheiras numa das malocas governadas
pelo morubixaba embusteiro, Demóstenes estaria engordando na tribo dos
demóstenes. Com sorte, até o fim do ano viraria ministro.
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