Pré-candidato do PSDB à Presidência em 2014, o senador Aécio Neves uniu esforços nesta terça-feira com outra potencial candidata, a ex-senadora Marina Silva, contra a aprovação do projeto que inibe a criação de novos partidos. Marina, que tenta viabilizar sua Rede Sustentabilidade, e senadores contrários ao projeto lançaram um movimento suprapartidário para tentar barrar no Senado a aprovação da proposta, que já foi aprovada em grande parte na Câmara.
Aécio disse que o governo usa "dois pesos e duas medidas" para a questão, já que apoiou a criação do PSD, composto por parlamentares que eram da oposição e que devem ingressar na base de apoio do governo. "O que não aceitamos é o casuísmo do governo federal, seu rolo compressor da maioria, que age como se temesse a disputa eleitoral. Isso só demonstra que a presidente tem um enorme temor de quem vai enfrentar nas próximas eleições", provocou.
Além de Marina e Aécio, o movimento é integrado representantes do PSB, PMDB, PDT e PSDB. Eles defendem que as regras que prejudicam novas siglas entrem em vigor somente depois das eleições de 2014. Para tanto, eles querem que, depois de passar pela Câmara, o projeto não seja analisado com urgência pelos senadores. "A presidente não precisa disso", disse Marina, fazendo menção à tentativa de Dilma de se reeleger, em 2014.
"Ela tem um partido forte, tem ao seu lado quase todos os outros partidos, 39 ministérios, o PAC, o Bolsa Família, o José Sarney [ex-presidente do Congresso] e o Renan Calheiros [presidente do Congresso]. Não sei porque ser contra 30 segundos na TV de uma força política que está começando agora. Talvez eles saibam de coisas que não sabemos", disparou a presidenciável.
"Ditadura"
O movimento suprapartidário estuda até recorrer ao Supremo Tribunal Federal para derrubar a aprovação do projeto. "Não imaginei que o PT ia usar o mesmo punhal enferrujado que eles [militares] usaram para ferir o Lula na época da criação do PT contra um grupo que tem direito de se expressar e se organizar", criticou Marina.
Presidente do futuro MD, o deputado Roberto Freire (SP) também comparou as articulações do Planalto às ações da ditadura para sufocar a democracia. "A presidente Dilma está patrocinando tudo isso. A ditadura só era pior porque fechava o Congresso. Mas estamos vivendo um novo pacote de abril", disse, em referência à semana em que foi editado o AI-5.
O projeto que está na Câmara prevê que novas siglas ficarão sem amplo acesso ao fundo partidário e ao tempo de televisão no horário eleitoral. Além da Rede, de Marina, a Mobilização Democrática pode ser afetada pela nova regra. A nova sigla negocia apoio a Eduardo Campos em 2014.
Nenhum comentário:
Postar um comentário