Autora da denúncia que acusa de cinco crimes 72 pessoas que participaram da ocupação da Reitoria da Universidade de São Paulo, a promotora Eliana Passarelli, do Ministério Público do Estado, vê como "vandalismo" o que aconteceu em novembro de 2011. Segundo ela, nem eram apenas alunos os participantes do protesto. "Tinha cineasta, arquiteto, funcionário público...", afirmou, em entrevista ao 247.
Questionada se não enxergava o ato como uma manifestação social, a promotora respondeu: "Não, de jeito nenhum. Isso não é manifestação social, são delitos praticados por eles. Estão longe de ser uma manifestação social. Quando se desobedece a ordem pública das coisas, é vandalismo". A denúncia, publicada mais cedo pelo 247, será agora apreciada por um dos juízes do Fórum Criminal de São Paulo e pode ou não ser aceita.
Na opinião da promotora, são grandes as chances de ser dada sequência na ação, pois "toda a denúncia foi baseada em laudos técnicos". Ela não quis responder à acusação de estudantes de que a punição teria sido orquestrada entre a Reitoria e o Governo do Estado. "Eu não vou me confrontar com estudante a essa altura da minha vida", disse Eliana. Ao247, dois acusados disseram acreditar que tudo foi "arquitetado" entre as duas partes.
A soma das penas para os crimes de formação de quadrilha, posse de explosivos, dano ao patrimônio público, desobediência e crime ambiental por pichação daria 15 anos e seis meses, segundo Eliana. Mas "fazendo uma conta por baixo", sobre as penas mínimas, o resultado dá cerca de oito anos. "Eles acharam que ficariam impunes. A USP é pública, tem um hospital lá dentro, avenidas, não podem achar que só há o prédio da USP. Eles assumiram o risco e agora têm que colher o que plantaram".
Ela disse ainda que os alunos que acreditam que há provas "plantadas" pela polícia "vão ter que provar isso em juízo". A Tropa de Choque da Polícia Militar, que invadiu a Reitoria ao cumprir ordem judicial de reintegração de posse no dia 8 de novembro de 2011, acabando com a ocupação do local, encontrou "engenho explosivo", de acordo com a denúncia do Ministério Público. Os objetos, segundo o estudante Fernando Bustamante, foram "plantados" pela polícia. "Se fizerem protesto errado de novo, vão ser punidos de novo. Eu estou cumprindo meu trabalho", concluiu a promotora.
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