Páginas

quinta-feira, 22 de março de 2012

LADO BOM

 

O lado bom da rebelião - CCJ aprova PEC que obriga a passar pelo Congresso a demarcação de terras indígenas e quilombolas e a definição de Aréas de Preservação Ambiental. Mas há reacionários que não gostam disso…

Leiam o que informa Evandro Éboli, no Globo. Volto depois.
*
O governo saiu derrotado por sua própria base em votação no início da tarde desta quarta-feira, na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara. O PT bem que tentou protelar com obstrução, apresentação de requerimentos e pedidos de suspensão da sessão, mas, dessa vez, conseguiu. Por 38 a 2, foi aprovada a admissibilidade de uma Proposta de Emenda Constitucional (PEC) que determina que passe pelo Congresso Nacional a demarcação de terras indígenas, o reconhecimento de terras quilombolas e a definição de áreas de preservação ambiental. Agora, será criada uma comissão especial que vai discutir a proposta e votar seu relatório. Somente depois irá a Plenário. Mas até lá, o PT promete continuar obstruindo. Mais cedo o secretário geral da Presidência, ministro Gilberto Carvalho,
chegou a dizer que a crise com a base estava superada.
Alessandro Molon (PT-RJ) anunciou, no final, que o partido irá recorrer na Casa mas que pode até ir ao Supremo Tribunal Federal (STF) para que seja declarada a inconstitucionalidade da matéria. A sessão durou cerca de três horas e, no final, foi marcada pelo tumulto. Grupos indígenas do Pará e de Minas Gerais, pintados e com cocares, apoiados por dirigentes de ONGs, protestaram o tempo inteiro e, no momento da votação do mérito, intensificaram o barulho. Após a votação, houve tumulto e início de briga entre seguranças e indígenas, que, com intervenção de deputados, conseguiram atravessar toda a Câmara. Eles dançavam e gritavam palavras de ordem contra a PEC.
O PT contou apenas com o apoio do PV, do PSB, do PCdoB e do PSOL na sessão. PMDB, PSD, PSDB, PTB, PDT, PPS e PP votaram contra o governo. O PT usou a mesma estratégia de terça, quando conseguiu impedir a votação da proposta e a sessão foi encerrada por falta de quórum. Nesta quarta, o clima esquentou e houve bate-boca entre deputados que tinham posições distintas sobre o assunto. O líder do PV, Sarney Filho (MA), disse que, a decisão da CCJ vai levar violência ao campo. “É uma decisão perigosa que vai gerar violência ao campo, nas áreas indígenas e nos quilombos”, disse Sarney.
Ivan Valente (PSOL-SP) também criticou a decisão: “Prevaleceu o interesse dos ruralistas e os interesses econômicos dos grileiros, das mineradoras e dos reacionários. É a turma da motosserra”, disse Valente. Roberto Freire (PPS-SP), que votou contra o governo, defendeu que a demarcação de terras passe pelo Congresso. “É um assunto relevante demais para a Nação e que não pode ficar concentrado na mão de uma única pessoa, a presidente da República”, disse Freire. Zenaldo Coutinho (PSDB-PA) votou a favor da proposta. “Há um cinismo, um terrorismo por parte do governo, quando diz que, com a aprovação da PEC, as demarcações serão revistas e diminuídas. Não há hipótese que isso aconteça”, disse Coutinho.
O relator do projeto, que deu parecer favorável, foi o deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), que é um dos vice-líderes do governo. Ano passado, o relator da matéria era o deputado Luiz Couto (PT-PB), que deu parecer contrário. Ele foi destituído pelo governo. “Fui indicado relator e fui retirado porque dei parecer contrário. Uma falta de respeito”, disse Couto. Na votação, como o PT e outros partidos entraram em obstrução, seus votos não contaram.
Comento

Vejam como um pouco de rebelião no Congresso pode fazer bem e até lembrar que, numa República, os Poderes são independentes. As esquerdas estão fazendo um barulho danado com essa proposta e tentarão impedi-la de chegar à votação a qualquer custo. Vejam lá o deputado Ivan Valente, que acusa a turma da “motosserra”. Ele não sabe o que fala. Na China maoista, seria enviado para um estágio no campo… Lamento tanto que ele não tenha de conhecer no lombo o ’socialismo com liberdade”…
A sinistra está fazendo terror, afirmando que estaria aberto o caminho para a revisão de demarcações. Mentira! Não há como rever coisa nenhuma. Se a proposta vira lei, o Congresso passa a opinar, o que é o certo. Afinal, trata-se apenas da destinação do território brasileiro para este ou para aquele fim.
Nada menos de 13% do território brasileiro são destinados a reservas indígenas. Parece que é hora de o conjunto do povo brasileiro, por meio do Congresso, decidir até onde se quer chegar com isso. Permitir que um presidente da República continue a cuidar do assunto sozinho, como se fosse um monarca absolutista, bem, isso, sim, é que é agressão à democracia!
Foi a rebelião que produziu esse bem? Então viva a rebelião! Mas calma! Por enquanto, trata-se apenas de uma votação na CCJ.
Por Reinaldo Azevedo

Nenhum comentário: