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quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013



Lula se compara a Lincoln em evento da CUT, critica imprensa e cobra mais comunicação de sindicatos


O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) discursa durante cerimônia em comemoração aos 30 anos da CUT (Central Única dos Trabalhadores), em São Paulo. O evento acontece exatamente uma semana antes da "Marcha a Brasília", promovida pela CUT com outras seis entidades sindicais com o objetivo de pressionar o governo federal a favor de reivindicações das entidades
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva se comparou ao ex-presidente dos Estados Unidos Abraham Lincoln, nesta quarta-feira (27), em um discurso voltado para dirigentes e ex-dirigentes sindicais na região central de São Paulo.
Lula foi homenageado na cerimônia que abriu as comemorações pelos 30 anos da CUT(Central Única dos Trabalhadores) --maior entidade sindical do país e cujas três décadas de existência são completadas em agosto deste ano. Entre os presentes, estava o ex-tesoureiro da CUT e do PT nacional, Delúbio Soares, um dos condenados pelo STF (Supremo Tribunal Federal) no julgamento do mensalão.
"Estou lendo muito agora (...) Estava lendo o livro do Lincoln e fiquei impressionado como a imprensa batia no Lincoln, em 1860, igualzinho bate em mim. E o coitado não tinha computador. Sabe o que ele fazia para saber de notícias? Ia para o telex, para o telégrafo, [para] ficar numa sala esperando [para responder]. Nós aqui poderemos xingar um ao outro em tempo real", disse, sob gargalhadas da plateia.
A história do ex-presidente norte-americano ganhou destaque na mídia nos últimos meses com o filme "Lincoln", do diretor Steven Spielberg. No domingo (24), Daniel Day-Lewis ganhou o prêmio de melhor ator na festa do Oscar pela interpretação que fez do ex-presidente.
Ex-presidente e um dos fundadores da CUT, Lula fez a comparação para pedir que as centrais e sindicatos fortaleçam sua comunicação com os trabalhadores, ao invés de esperar que manifestações, greves ou pleitos junto ao governo sejam simplesmente noticiados pela mídia.
O petista não citou nomes de eventuais opositores, aos quais se referiu sempre como "essa gente", mas lembrou que são pessoas que ficaram contra o impeachment do ex-presidente Fernando Collor de Mello, em 1992, e que agora estariam contra o governo da presidente Dilma Rousseff.


O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a presidente Dilma Rousseff se abraçam após discurso de Lula nesta quarta-feira (20) durante festa de comemoração dos dez anos do PT no governo, realizada no hotel do parque Anhembi, na zona norte de São Paulo. Lula afirmou que os adversários "podem juntar quem quiser" que não irão derrotar Dilma nas eleições de 2014

Críticas a "formadores de opinião"

"Esses formadores de opinião pública eram contra a campanha das Diretas; não era contra a derrubada do Collor, nunca quis que eu ganhasse as eleições. Essa gente só publicou [a respeito] quando a gente já estava na rua com 300 mil  na praça da Sé", afirmou, para completar: "Aliás, essa gente não gosta de progressista", definiu, para em seguida concluir: "A verdade é que estou naquela idade, naquela fase em que eu quero parar de reclamar dos que não gostam de mim e não me dão espaço".
Em meio às críticas à imprensa, o ex-presidente aproveitou para pedir às centrais e sindicatos que fortaleçam seus próprios canais de comunicação com seu público --seja por blogs, rádios comunitárias, jornais e redes sociais como o Facebook, elencou.
Mas por que a gente não começa a organizar a nossa mídia, um pouco de formatação do que temos em potencial, por que em vez cada um falar o que pensa, um pensamneo mais coletivo, mais unitário. Mesmo porque, avaliou, "se alguém xingar o governo não vai aparecer na televisão, [então] vocês tratem de falar bem."
"Se eu não ver você na televisão é porque você falou bem [do governo]", ironizou. "Temos uma arma poderosa totalmente desorganizada; temos que organizar um pensamento mais coletivo. Temos condição de fazer isso" .

Marcha de entidades e presenças "ilustres"

Apesar das comemorações iniciadas hoje, os 30 anos da CUT serão completados em agosto. A plenária --espécie de encontro regular de dirigentes-- aconteceu exatamente uma semana antes da "Marcha a Brasília", promovida pela CUT com outras seis entidades sindicais, como a Força Sindical.
A marcha, marcada para o próximo dia 6, pretende ser um mecanismo para que o movimento sindical "exerça pressão sobre o governo e o Congresso pela retomada do investimento público e em defesa da indústria nacional, fortalecendo o mercado interno e garantindo contrapartidas sociais", segundo a CUT.

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