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quinta-feira, 21 de março de 2013



FHC

Serra fica sem espaço no PSDB e tende a deixar a legenda


Pesquisa interna, realizada a mando da direção do PSDB, mostra que os espaços do candidato derrotado à Presidência da República em 2010 José Serra estão praticamente encerrados na legenda. O mesmo estudo aponta que a legenda já assimilou a candidatura do senador tucano mineiro Aécio Neves e a tendência, segundo analistas ouvidos pelo Correio do Brasil, é uma fratura histórica no partido que governou o país durante a era de Fernando Henrique Cardoso (FHC). A possível saída de José Serra, ex-prefeito de São Paulo, ex-governador daquele Estado e duas vezes derrotado pelas forças de centro-esquerda no país, tende a abrir uma terceira via na política brasileira, com a provável candidatura do governador pernambucano, Eduardo Campos, ao Palácio do Planalto, com o apoio do PSD do ex-prefeito paulistano Gilberto Kassab, entre outras agremiações partidárias ligadas ao arco da direita.
Em nota, publicada na coluna da jornalista Sonia Racy, no diário conservador paulistano Estado de S. Paulo, FHC deixa claro que não pretende ceder mais espaços para Serra no ninho tucano: “O ex-presidente tem defendido que, se for para Serra optar por outro caminho, que o faça agora”, diz a nota intitulada Ponte Minas-SP. A jornalista também afirma que “Aécio não quer que o partido fique parado à espera de Serra”.
Também na coluna da jornalista Dora Kramer, no mesmo Estado de S. Paulo, Roberto Freire afirma que Serra seria bem vindo no PPS:
“O presidente do PPS, deputado Roberto Freire, realmente convidou o tucano José Serra a entrar no partido, ainda não obteve resposta e diz que se encerra por aí a veracidade das versões que correm sobre o assunto. ‘O mais é fruto de uma central de invenções sem compromisso com a realidade’, afirma. Esse ‘mais’ que Freire qualifica como mero boato seria a exigência de Serra de que, para entrar no partido, precisaria ter assegurada a legenda para concorrer à Presidência da República. “Nem podemos garantir nada, nem ele pediu, nem temos ainda claro como será o cenário da disputa de 2014”, afirma a colunista.
Kramer continua: “De acordo com Roberto Freire, o que há em relação ao tucano é um desejo de incorporá-lo a um bloco para tentar quebrar o ciclo de dez anos do PT no poder central e a evidência de que Serra está desconfortável no PSDB, onde o grupo afinado com o senador Aécio Neves vem ocupando ativamente todos os espaços desde a derrota de 2010. O importante nessa história, aponta Roberto Freire, é a existência de alternativa no horizonte. ‘Alguém que possa derrotar eleitoralmente o que está aí, que recupere o respeito pelas instituições e possa enfrentar a crise econômica”.
“Se Eduardo Campos tem origem no campo governista, para o deputado não é algo que deve ser visto como um fator excludente. ‘Inclusive porque não é a oposição que estimula a candidatura dele, mas sim um evidente processo de reestruturação na base do governo. Na visão dele, o que impulsionou essa forte tendência de Eduardo Campos de se afastar da área de influência do PT e buscar a articulação de outro polo de perspectiva de poder foi a ruptura com o PT na eleição para a prefeitura de Recife.Ele enfrentou Lula e venceu. No Rio Grande do Sul, também conseguimos romper com a hegemonia do PT na capital. Esse grupo não é invencível e, para vencê-lo, não é preponderante que haja a encarnação do oposicionismo, mas capacidade de vencer mediante um projeto que faça o Brasil avançar”, acrescenta Freire.
Ainda de acordo com a jornalista, “o empresariado, notadamente o setor produtivo, tem dado reiteradas demonstrações de cansaço com o atual modelo, na opinião de Freire. A busca por uma opção não estaria, portanto, restrita ao mundo político-partidário. Freire vê semelhanças com o período pré-edição da Carta aos Brasileiros, com a qual o PT se comprometeu com o bom senso na área econômica, quando a sociedade buscou outros nomes antes de se concentrar em Lula: Roseana Sarney e Ciro Gomes, por exemplo, que chegaram a liderar as pesquisas no primeiro semestre de 2002″.
“Se o ‘alguém’ será Pedro, Paulo ou João – ou mesmo todos os nomes de quem se fala, incluindo Serra e Marina Silva, na percepção de Roberto Freire não é uma questão para ser resolvida agora nem administrada pela lógica da disputa no campo que pretende se apresentar como contraponto ao PT. Do ponto de vista tático, podem disputar todos os candidatos. Haverá segundo turno e, nesse grupo, não há a tendência de repetir o gesto de neutralidade de Marina em 2010. Mas Eduardo Campos, sendo oriundo da arena governista, pode ficar com Dilma, não? Na visão de Freire, ao contrário: ‘Se ele se traz como proposta de um projeto alternativo, não poderá retroceder”, diz ele à jornalista.
Para Dora Kramer, “seja qual for o caminho dos partidos aliados ao governo em relação à reeleição de Dilma, uma decisão está se consolidando entre eles: entrega dos cargos não estará em cogitação tão cedo. Chegaram à conclusão de que a devolução dos espaços só serve para que sejam redistribuídos ao PT que, na posse deles, os usa como instrumentos não apenas contra os que se transformam em adversários, mas também contra os que continuam aliados no plano federal e optam pelo chamado ‘palanque duplo’ no âmbito regional”, conclui.

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