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terça-feira, 29 de janeiro de 2013


Bombeiros vão vistoriar todas as boates do Estado de São Paulo, diz Alckmin


Julien Perereira/Fotoarena/Estadão Conteúdo
Após a tragédia que deixou mais de 230 mortos e cerca de cem feridos em Santa Maria, no Rio Grande do Sul, o governador do Estado de São Paulo, Geraldo Alckmin, anunciou nesta terça-feira (29) o início da operação "Prevenção Máxima" do Corpo de Bombeiros. "Cerca de 300 equipes vão vistoriar as boates com mais de mil metros quadrados de área construída, e depois todas as outras", afirmou.
De acordo com o governador, a legislação paulista é uma das mais modernas na área de prevenção a incêndios. "Prova disso é que, de cada dez pedidos de alvará solicitados, sete são reprovados na vistoria inicial dos bombeiros", disse.
Segundo o tenente-coronel Tássio Ribeiro Armani, chefe do departamento de Segurança Contra Incêndio dos bombeiros, em 2012 foram feitas 150 mil vistorias. "É a segunda maior atividade da corporação depois dos resgates", afirmou o coronel.

Entenda o caso

O incêndio começou por volta das 2h30 de domingo (27) na boate Kiss, localizada no centro de Santa Maria (RS). Ao todo, 231 pessoas morreram e mais de 100 permanecem internadas em hospitais da cidade e de Porto Alegre, sendo que ao menos 75 delas em estado grave com risco de morte.
A grande maioria das pessoas que estavam na festa, promovida por alunos da UFSM (Universidade Federal de Santa Maria), morreu asfixiada. Muitos foram encontrados amontoados nos banheiros, onde tentavam fugir do fogo. Segundo testemunho dos sobreviventes, antes de perceberem o incêndio, os seguranças teriam impedido os jovens de saírem sem pagar.
No local, havia apenas uma porta, que funcionava como a única passagem de entrada e saída da boate. Bombeiros e sobreviventes quebraram a fachada da casa noturna a marretadas para retirar as pessoas. 


A boate Kiss, com capacidade para até 1.000 pessoas, recebeu entre 600 e 1.000 no dia do incêndio, de acordo com a polícia, que também informou que o alvará de funcionamento do local estava vencido desde agosto passado.
O fogo teria começado na espuma de isolamento acústico da boate, após um integrante da banda Gurizada Fandangueira manipular um sinalizador. Faíscas atingiram o teto e iniciou as chamas. O guitarrista da banda afirmou que o extintor de incêndio não funcionou.
As apurações preliminares indicam que foram usados três sinalizadores durante a festa: dois no chão e um no alto, virado em direção ao teto. Mas, nenhuma das pessoas ouvidas até esta segunda-feira assumiu ter usado um sinalizador. 
A Justiça decretou a prisão preventiva de dois músicos da banda Gurizada Fandangueirado --o  vocalista Marcelo dos Santos e o produtor Luciano Leão--, bem como dos empresários Mauro Hoffman e Elissandro Spohr, apontados como donos da casa noturna.  
As prisões foram motivadas por indícios de que eles estariam prejudicando as investigações com o desaparecimento ou com a manipulação de provas. A informação é da promotora criminal Waleska Flores Agostini, representante do Ministério Público na investigação do caso, que disse que o aparente sumiço de imagens do circuito interno de câmeras da boate caracterizaria obstrução.
Os bens dos donos da boate Kiss também foram boqueados, a partir da autorização do juiz plantonista do Fórum de Santa Maria (RS), Afif Simões Neto, que deferiu o pedido da Defensoria Pública do Rio Grande do Sul, que também abrange eventuais bens registrados em nome da boate como pessoa jurídica.

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