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terça-feira, 29 de janeiro de 2013


Suplicy pede para Renan desistir de candidatura


POR MARIO COELHO  
Senador petista enviou nota ao candidato favorito à presidência do Senado. Ele quer que o peemedebista deixe a corrida em favor de Pedro Simon (PMDB-RS), um dos independentes da Casa

O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) pediu nesta segunda-feira (28) para Renan Calheiros (PMDB-AL) desistir da candidatura à presidência do Senado. Em nota enviada ao peemedebista e aos colegas de Casa, Suplicy sugeriu que o candidato do partido fosse Pedro Simon (PMDB-RS), o único “capaz de obter o consenso entusiástico e praticamente unânime de todos os demais 80 senadores”.


De acordo com a nota emitida por Suplicy, é preciso haver um tempo até todas as denúncias contra Renan serem esclarecidas. No sábado, o Congresso em Foco mostrou que o procurador Geral da República, Roberto Gurgel, denunciou o peemedebista no caso das notas dos “bois de Alagoas”, derivado das suspeitas de ter despesas particulares pagas por um lobista de empreiteira após o parlamentar ter um filho com a jornalista Mônica Veloso.
Já a revista Época informou detalhes da Operação Navalha que implicam Renan. De acordo com a semanal, homens de confiança do peemedebista são acusados de receber propina e traficar influência em favor de um empreiteiro. “Nós senadores teremos que aguardar um tempo até que haja o esclarecimento sobre todos os episódios apontados, por exemplo, na reportagem da Revista Época que, se tiverem fundamento, constituem problemas sérios para quem hoje se candidata à Presidência do Senado”, disse Suplicy.
Para o petista, somente a candidatura de Simon seria capaz de unir o Senado. E faria, inclusive, o senador Randolfe Rodrigues (Psol-AP), único nome declarado até o momento, deixar a corrida pela cadeira mais importante da Casa. Na sua nota, ele citou que o peemedebista gaúcho foi escolhido diversas vezes como um dos melhores senadores do país pelo Congresso em Foco. Ele, no entanto, reiterou que, caso Renan seja confirmado como candidato, vai cumprir o acordo feito com o PT e votar no escolhido pelo PMDB.
Em 2009, Suplicy subiu à tribuna do Senado e deu um cartão vermelho ao senador José Sarney (PMDB-AP). Na época, ele queria que o peemedebista, envolto em denúncias, pedisse afastamento da presidência do Senado, o que acabou não ocorrendo. Em 2010, Sarney foi reeleito senador e escolhido mais uma vez para ocupar o cargo.
Leia a íntegra da nota do senador petista:
Prezado Senador Renan Calheiros
Líder do PMDB no Senado Federal

Prezado Senador Waldir Raupp
Presidente Nacional do PMDB

Prezado Presidente do Senado José Sarney
Prezados Senhores Senadores do PMDB

Prezados Senhores Senadores e Senhoras Senadoras
Agradeço ao Senador Renan Calheiros a gentileza de me enviar uma carta e a Nota à Imprensa, datada de hoje, em que comenta a reportagem da Revista Época desta semana sobre práticas impróprias  que foram objeto de apuração da Polícia Federal e consequente denúncia do Procurador Geral da República, Roberto Gurgel, ao Supremo Tribunal Federal. Segundo esclarecimento que me foi dado pelo Sr. José Martins Arantes, da Procuradoria Geral da República, a denúncia formulada pelo Procurador Geral  é objeto de sigilo e, portanto, não é possível ter acesso à mesma presentemente. Por outro lado, esclareceu-me que possíveis atrasos nas investigações decorreram de excesso de procedimentos investigatórios que têm ocupado a Polícia Federal.
De qualquer maneira, nós senadores teremos que aguardar um tempo até que haja o esclarecimento sobre todos os episódios apontados, por exemplo, na reportagem da Revista Época que, se tiverem fundamento, constituem problemas sérios para quem hoje se candidata à Presidência do Senado.
Quero aqui assinalar que durante os anos que temos convivido no Senado, mesmo quando fui crítico de alguns procedimentos do Senador Renan Calheiros como os que o levaram a deixar a presidência do Senado, tenho tido com Vossa Excelência uma relação de respeito e construção mútua, de cooperação no processo de discussão e votação de matérias de interesse comum do governo e da nação. Também registro que é a minha intenção respeitar o acordo feito pelo PMDB e pelo PT, segundo o qual respeitaremos as indicações de ambos os partidos para os cargos da mesa.
Gostaria, entretanto, de fazer uma sugestão ao Senador Renan Calheiros e ao PMDB por ocasião da eleição que teremos em 1º de fevereiro para a Presidência e demais cargos da Mesa. Do ponto de vista da história do Senado Federal e do Congresso Nacional, do fortalecimento da instituição, do respeito de todo o povo brasileiro por tudo aquilo que aqui realizamos, pelo histórico de todos os 21 senadores do PMDB, tenho a convicção de que será muito oportuno se Vossa Excelência, Senador Renan Calheiros, puder abrir mão de sua indicação em benefício do Senador Pedro Simon.
Desde 1991, quando aqui cheguei no Senado Federal, tenho observado o extraordinário valor do Senador do Rio Grande do Sul, que também foi Governador do Estado de 1987 a 1990. Também foi vereador em Caxias do Sul de 1960 a 1962, e deputado estadual de 1963 a 1978. Foi eleito Senador por quatro vezes, 1979-87, 1991-1998 e 2007-2014. Ao lado do Senador José Sarney, ele é o mais veterano dos senadores, já no seu quarto mandato. Como se pode testemunhar ao longo de todo esse período, praticamente de todos os senadores o Senador Pedro Simon tem recebido manifestações de apreço por sua extraordinária contribuição aos nossos trabalhos. Seja na hora de propor e apresentar proposições relativas aos mais diversos temas, como o da Reforma Política, à necessidade de maior transparência, ao tema da Ficha Limpa, seja na hora de participar das históricas Comissões Parlamentares de Inquérito, como as que apuraram os atos de PC Farias, ou as do Orçamento, ou mais recentemente a de Carlos Cachoeira. Ele também se distinguiu, e disso sou testemunha pessoal, como um dos mais estudiosos e proponentes da Reforma Administrativa do Senado, e que até agora não foi completada.
Se há um Senador que seria capaz de obter o consenso entusiástico e praticamente unânime de todos os demais 80 senadores, tenho a certeza que este é justamente do PMDB, é o Senador Pedro Simon. Acredito mesmo que se fôssemos permitir ao povo votar em um senador do PMDB para exercer a Presidência do Senado Federal, em eleições livres e diretas, muito provavelmente o vencedor seria o Senador Pedro Simon. Ao longo de sua vida política e administrativa, com 83 anos de idade, não há registro de qualquer mal feito ou procedimento incorreto que possa ser considerado grave.
É relevante notar que nos 19 anos que o Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar, DIAP, até 2012, todos os anos o Senador Pedro Simon foi sempre escolhido como um dos “Cabeças” do Congresso Nacional, isto é, um dos mais influentes. Também o Sítio Eletrônico e a Revista Congresso Em Foco, pelo voto dos 186 jornalistas que cobrem os trabalhos do Congresso Nacional, em todos os anos de 2006 a 2012, o Senador Pedro Simon esteve escolhido como um dos melhores senadores.
Reitero que respeitarei o acordo feito pelo PT com o PMDB na votação da Mesa Diretora na próxima sexta-feira. Faço aqui abertamente esta sugestão aos senadores do PMDB e a todos os demais, de todos os partidos. Se efetivamente consultarem a opinião de todos, creio que muitos estarão de acordo com esta sugestão. Acredito mesmo, com carinho e respeito, que o próprio outro candidato, Randolfe Rodrigues, também abrirá mão a favor de Pedro Simon.
Claro que será importante a consideração da Presidenta Dilma Rousseff sobre como se portará o Senador Pedro Simon se for eleito o Presidente do Senado. Todos que ouvimos os pronunciamentos do Senador Pedro Simon ao longo dos Governos do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva e da Presidenta Dilma Rousseff sabemos que muitas vezes, ainda que ao formular críticas ao Governo, aos Ministros ou ao Presidente e à Presidenta, o Senador Pedro Simon sempre procedeu com a atitude de um amigo que tantas vezes fez recomendações que inclusive foram levadas em conta. Tenho a certeza que, eleito Presidente do Senado, ele saberá agir com a imparcialidade devida e com espírito de colaboração com o Governo Dilma Rousseff e com a Nação.
Respeitosamente, o abraço amigo,
Senador Eduardo Matarazzo Suplicy

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